A comunicação no terceiro setor deve funcionar como uma administração estratégica, auxiliando a organização em suas funções internas. Como em qualquer outro setor, a comunicação deve atingir os resultados desejados independente se a empresa é privada ou uma organização sem fins lucrativos.
Todas as habilitações da comunicação compõem, em suas especificidades, o que segundo Neves (2000) considera como comunicação integrada, o qual descreve da seguinte maneira:
“Comunicação Integrada: Ação comunicativa, que engloba três faces da comunicação empresarial, chamada pelos autores de comunicação administrativa institucional e mercadológica (...)”.
A Comunicação por si só deve assumir o papel de estabelecer relações entre as organizações e seus públicos estratégicos. No terceiro setor esse papel se destaca, pois, quando se trata de organizações sem fins lucrativos a dependência dessas relações, ou seja, e trabalho voluntariado, e as parcerias, podem ser considerados o alicerce do terceiro setor.
Para as organizações sem fins lucrativos a comunicação pode e deve ser usada como ferramenta de gestão. Hoje nota-se um alto nível de deficiência nas instituições do 3° setor, fato que se dá pela falta de profissionalismo na área. As organizações sem fins lucrativos muitas vezes até reconhecem a importância de um profissional de comunicação dentro da instituição, porém, muitas delas alegam não ter capital suficiente para manter esse profissional, ou até mesmo, algumas se desgastam desempenhando sempre as mesmas ações de comunicação vendo o baixo, ou nulo, resultado que essas ações proporcionam, desistem de trabalhar com a comunicação perpetuando a idéia de que organizações sem fins lucrativos têm apenas o objetivo de servir a sociedade de maneira caridosa, suprindo as necessidades das pessoas desfavorecidas, ou seja, acreditando que não há necessidade de fazer algo estritamente profissional, mostrando assim a falta de administração.
No livro Comunicação e Marketing: Fazendo a diferença no dia-dia das organizações da Sociedade Civil a autora Sylvia Bojunga Meneghetti,destaca nove dimensões da comunicação nas instituições sem fins lucrativos, porém, é possível exemplificar essas dimensões agrupadas em quatro escopos:
- Administrativo
- Institucional
- Mobilização Social
- Captação de recursos
Segundo Meneghetti existem três razões lógicas para o uso da comunicação no terceiro setor: projetar a imagem da instituição, captar recursos ou potencializar o impacto das ações, razões quais são exatamente cabíveis nas dimensões, citadas acima, da comunicação, mas instituições sem fins lucrativos.
Para que a comunicação passe a fazer parte da rotina desse setor, se faz necessário que no primeiro momento o próprio gestor da organização se faça comunicar. Ou seja, se a instituição usa a falta de capital como argumento para a não utilização da comunicação, é possível que o gestor faça o papel de comunicador utilizando ferramentas de comunicação e marketing. Outro ponto analisado são as ações de comunicação ineficaz, nesse caso é necessário analisar que, as mesmas ações executadas em empresas privadas na maioria das vezes não trarão o resultado esperado para uma instituição sem fins lucrativos, o que em outras palavras nos diz que no 3° setor é preciso utilizar ferramentas de comunicação integrada, sair do tradicional para atingir os objetivos dentro das razões lógicas no uso da comunicação nesse segmento.
Outra forma de utilizar a comunicação no Terceiro Setor é como ferramenta de mobilização social. O Terceiro Setor é movido, em sua maioria, por trabalho voluntário, políticas públicas e a conscientização social. Seja qual for o motivo da empresa privada, governo, etc., de ajudar as organizações da sociedade civil, pode ser bem aproveitado. A dedução de impostos, e outros benefícios são impulsores dessa prática de responsabilidade social. James Grunig, teórico de Relações Públicas, considerado um dos maiores do mundo defende a idéia de que responsabilidade social seria a necessidade da empresa ser socialmente responsável, e que, além disso, existe ainda a responsabilidade pública, que seria a necessidade de se tornar pública. Ou seja, a necessidade de se tornar pública estimula ainda mais o desenvolvimento das instituições sem fins lucrativos.
Para atingir o objetivo de mobilização social Grunig e Hunt descrevem esse processo da seguinte maneira:
“Educação: Elaboração de uma campanha de comunicação, onde o receptor no caso é o alvo da mudança ou mobilização social;
Execução: Ações paralelas voltadas a outros públicos estratégicos que dariam suporte à ação acima, como leis, por exemplo, na atuação de lobbystas em favor de uma causa que corrobore à causa da mudança ou mobilização social.
Engenharia: envolvendo aí todos os inputs, throughputs e outputs que a instituição disponibiliza em seu planejamento para o determinado projeto de mudança ou mobilização social.”